Manchas na reputação têm custos para as organizações. Isto é de pleno conhecimento. Mas uma pesquisa realizada com empregados e desempregados nos Estados Unidos apresenta alguns números que permitem uma avaliação do impacto que a má reputação pode causar num campo específico: aquisição e retenção de talentos. Publicada pela HRO Magazine, a pesquisa The Impacts of Corporate Reputation on Talent Acquisition revela que:

•            O impacto da reputação do empregador é mais significativo do que nunca, afetando diretamente o custo de contratação. A disposição de trocar o emprego do momento para um outro qualquer em uma empresa com reputação ruim está diminuindo. Quando a pesquisa foi realizada pela primeira vez, em 2014, era de 70%, mas 2017 caiu para 61%.

•        Ao serem perguntados sobre qual o percentual de aumento salarial precisariam para esta troca, os homens mencionaram 54% de aumento e as mulheres, 65%. Em compensação, se fosse para trocar de emprego sendo admitido por uma empresa com boa reputação, as mulheres se contentariam com 42% de aumento e os homens, 32%.

•            Quando a empresa fica exposta publicamente por causa de algum escândalo, problemas ambientais ou de qualidade de produtos, denúncias de má conduta, de discriminação ou qualquer ação considerada criminosa, isto afeta o custo de recrutamento e impacta negativamente a retenção de talentos. De acordo com a pesquisa, 77% dos entrevistados procurariam um novo empregador, sendo que 52% não esperaria mais de um mês para iniciar a busca.

•            Já as empresas com reputação em alta atraem talentos com mais facilidade. Segundo a pesquisa, a grande maioria dos entrevistados (91% dos homens e 86% das mulheres) declarou disposição para trocar de crachá se for pelo de um empregador com boa reputação.

•            Os desempregados ouvidos na pesquisa também ficam com pé atrás. Apenas 8% mostram plena disposição para aceitar trabalhar em uma empresa numa organização com a reputação arruinada. 84% declaram ser improvável a possibilidade de trabalhar numa empresa nesta situação.

Ao contrário das empresas com boa reputação -que gozam de maior consideração entre potenciais candidatos, custos muito mais baixos para contratação e um nível melhor de retenção-, as que sofrem o impacto de escândalos e irregularidades enfrentam custos de recrutamento aumentados devido à maior dificuldade de encontrar talentos e de novas contratações. Isto é particularmente verdadeiro ao recrutar mulheres e trabalhadores mais experientes.

Embora a realidade do mercado de trabalho americano seja diferente da brasileira, a pesquisa pode servir como parâmetro para dimensionar o custo da má reputação e as vantagens de manter boa reputação.

Esta boa reputação não surge do nada, nem depende exclusivamente de inovação, qualidade e desempenho financeiro, como ainda parecem acreditar responsáveis por negócios importantes no Brasil. Para conquistar confiança e serem admiradas, as organizações precisam de atitudes coerentes, intransigência com a defesa da ética, acolhimento dos stakeholders, transparência nos relacionamentos, prática de cidadania, liderança e comunicação.

Valdeci F Verdelho